O vento batia preguiçosamente por entre os longos cabelos castanho claro os emaranhando ao descaso. Aqueles mesmos fios de cabelo que outrora fora sempre tão meticulosamente arrumado, estava sendo bagunçado pelo displicente vento, ela já não se importava mais com a maquiagem que se esvaia junto com as lágrimas. Na verdade nada mais realmente importava a não ser o sentimento de paz, que a invadia conforme respirava brisa e o orvalho matutino temperado com o cheiro das flores silvestres. E nenhum outro som no mundo era tão importante quanto o entoar dos pássaros que faziam seus ninhos. Sim era primavera, e junto com a primavera vinha a lembrança , memórias de quando o destino pela primeira vez resolveu brincar de fazer piadas para com a vida de Liza.
Era 6 horas da manhã, e Liza já estava desperta há algum tempo. Em quanto tomava seu desjejum tranqüilamente, aproveitava para assistir a sua dose diária de anestesia do mundo em frente a televisão... Anestesia, pois apesar de sentir na pele tudo que via na televisão era um sentimento distante como uma anestesia que a deixava dormente impossibilitando de sentir dor e muito menos cócegas, simplesmente existia.
Mas algo naquela manhã a fez prestar atenção naquele noticiário local, e fora lá que ela o avistara pela primeira vez e fora incrível como apenas uma imagem e uma voz dentro de uma caixa televisora conseguiu fazer toda a diferença, aquele som grave levemente rouco a tirou do estupor que havia passado durante a sua vida inteira, era apenas mais um rosto na televisão, mais um entrevistado em um programa rural qualquer. Mas para ela a partir dali seu mundo teria mudado de vez.
Seu estado de hibernação passou, e ela absorveu todas as palavras ditas pelo estranho naquela televisão.
- ...Quanto a festa, é uma tradição da cidade na época de colheita, fazermos uma grande festa de comemoração...
-Liza? Cadê você?
-Fica quieto Luan estou tentando ouvir o jornal.
-Aoo educação matutina como eu adoro isso. Também amo você cara irmã!
-Tá, ta, Lu fica quieto!
A voz distante da televisão continuava... Liza aumentou o som e conseguiu escutar o finalzinho da entrevista.
“...Bom, o importante é todos participarem quanto mais pessoas engajadas em ajudar na festa, ou o simples fato de irem prestigiar o evento já vai ser importante de mais para as nossas crianças... –falava o até então desconhecido entrevistado."
-Mas onde vai ser isso fala! -
Liza estava ansiosa para saber como poderia encontrar aquele estranho, mas no momento em que ele iria falar seu nome novamente e o local onde iria ocorrer a tal festa, um barulho ensurdecedor da maquina de cortar capim, interrompeu o som da televisão e Liza não pode ouvir onde seria tal festa.
- Droga, o pai tinha que ligar nesse exato minuto a picadeira!
-Nossa, Liza, hoje você está revoltada, para que tanto estardalhaço- Luan falava ainda sonolento com sua irmã.
- Francamente Luan, eu só queria saber onde vai ser o tal evento que estavam falando, e quem era o cara que falava, parece que eu conheço ele!
-Ah você está falando do Julio... Uahhh - Luan boceja- E da festa folclórica que iria ter na quadra poliesportiva que foi destruída pela chuva semana passada? Pelo que o Julio me contou, estão fazendo um mutirão para limpar a quadra, e realizar ainda a festa.
-Julio? Você conhece ele? Como assim! porque não me falou antes?
CONTINUA NO PRÓXIMO EPISÓDIO
Era 6 horas da manhã, e Liza já estava desperta há algum tempo. Em quanto tomava seu desjejum tranqüilamente, aproveitava para assistir a sua dose diária de anestesia do mundo em frente a televisão... Anestesia, pois apesar de sentir na pele tudo que via na televisão era um sentimento distante como uma anestesia que a deixava dormente impossibilitando de sentir dor e muito menos cócegas, simplesmente existia.
Mas algo naquela manhã a fez prestar atenção naquele noticiário local, e fora lá que ela o avistara pela primeira vez e fora incrível como apenas uma imagem e uma voz dentro de uma caixa televisora conseguiu fazer toda a diferença, aquele som grave levemente rouco a tirou do estupor que havia passado durante a sua vida inteira, era apenas mais um rosto na televisão, mais um entrevistado em um programa rural qualquer. Mas para ela a partir dali seu mundo teria mudado de vez.
Seu estado de hibernação passou, e ela absorveu todas as palavras ditas pelo estranho naquela televisão.
- ...Quanto a festa, é uma tradição da cidade na época de colheita, fazermos uma grande festa de comemoração...
-Liza? Cadê você?
-Fica quieto Luan estou tentando ouvir o jornal.
-Aoo educação matutina como eu adoro isso. Também amo você cara irmã!
-Tá, ta, Lu fica quieto!
A voz distante da televisão continuava... Liza aumentou o som e conseguiu escutar o finalzinho da entrevista.
“...Bom, o importante é todos participarem quanto mais pessoas engajadas em ajudar na festa, ou o simples fato de irem prestigiar o evento já vai ser importante de mais para as nossas crianças... –falava o até então desconhecido entrevistado."
-Mas onde vai ser isso fala! -
Liza estava ansiosa para saber como poderia encontrar aquele estranho, mas no momento em que ele iria falar seu nome novamente e o local onde iria ocorrer a tal festa, um barulho ensurdecedor da maquina de cortar capim, interrompeu o som da televisão e Liza não pode ouvir onde seria tal festa.
- Droga, o pai tinha que ligar nesse exato minuto a picadeira!
-Nossa, Liza, hoje você está revoltada, para que tanto estardalhaço- Luan falava ainda sonolento com sua irmã.
- Francamente Luan, eu só queria saber onde vai ser o tal evento que estavam falando, e quem era o cara que falava, parece que eu conheço ele!
-Ah você está falando do Julio... Uahhh - Luan boceja- E da festa folclórica que iria ter na quadra poliesportiva que foi destruída pela chuva semana passada? Pelo que o Julio me contou, estão fazendo um mutirão para limpar a quadra, e realizar ainda a festa.
-Julio? Você conhece ele? Como assim! porque não me falou antes?
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