domingo, 12 de fevereiro de 2012

A viagem do ano.

Eu sei que faz tempo que não apareço por aqui e não precisa fazer essa cara de descontentamento com meu repentino desaparecimento. O que aconteceu foi que às vezes as histórias simplesmente pedem tempo para serem contadas.  E elas estavam ali se formulando e me encantando sem se permitir ser escrita. Acho que todo esse tempo me deixou cheia de teias de aranhas entre o canal imaginação e dedos para digitar. Porem não há mal que o tempo não cure, nem teia de aranha que uma boa faxina não resolva, então sem mais delongas vou lhe contar a ultima dos acontecimentos em minha família.  

         Acho que estou me acostumando a escrever as histórias de minha família, e quando mais as escrevo mais vejo que as minhas próprias desventuras realmente não passam de herança.
         Há meses atrás houve uma grande movimentação em minha casa, e não, não adianta fazer essa cara de sabe tudo pensando “lógico foi seu aniversário!” Sinto em lhe informar dessa vez a culpa não foi minha. A movimentação toda gerada em minha casa entra para o quadro “bem maior”, meu primo Gustavo que mora no interior de Minas Gerais estava pra casar, e minha família festeira como só, não perderia por nada o casamento de meu primo.   
         Então segue o raciocínio que o pessoal estava fazendo para ir até lá (família grande + sul de minas + casamento = ÔNIBUS) É isso ai sentiu a pressão “El Poderoso Busão” e a lógica é exatamente essa que você deve está pensando, carro para que? Para locomover todo o pessoal seria necessário muitos carros, que por sua vez é igual a muito combustível e olha o aquecimento global ai meu povo, vamos juntar a galera toda e vamos alugar o busão.
Sou completamente a favor da idéia, porém o pessoal achar que vai sair ileso das desventuras só porque a imã de desventuras mor, conhecida também como MOA não iria, isso já é pedir de mais. Não tem como você pensar em alugar um ônibus para um lugar consideravelmente distante e achar que vai sair impune das desventuras que assolam a família. Então peço licença e compreensão da sua parte para que eu possa contar a história sofrida de meu povo rumo as Minas Gerais. 
 Foram alguns dias planejando á viagem e aparentemente estava tudo certo o ônibus já estava devidamente locado pago e combinado que seu ponto de partida seria na casa de minha vó as 6 da matina de um domingo véspera de feriado, onde todos os integrantes que foi possível viajar iriam se reunir e dar curso a viagem. Até ai tranqüilo o ônibus teve um atraso na saída o que já era de se esperar até todo mundo chegar, encontrar um lugar no ônibus para chamar de seu e ajeitar todos as quinquilharias de praxe que sempre levamos em viagem demora sem falar nas crianças pequenas que estavam eufóricas com a viagem de ônibus e mal conseguiam para quietas sem um adulto por perto para brigar por modos.
E assim a viagem deu seu principio, e como em qualquer família tecnicamente normal as pessoas tendem a se dividir por grupos, e no ônibus não seria diferente, tinha a sessão dos nerd’s que acreditem em mim eles provavelmente passaram mais da metade do trajeto da viagem tentando colocar os PSP’s em rede para jogarem uns contra os outros e discutindo sobre animes, mangas e afins, sei como é, e provavelmente me sentaria perto desse grupo caso eu estivesse naquele ônibus.
Não preciso falar que os tios estavam todos sentados juntos discutindo dos mais diversos assuntos desde o famoso futebol até construção civil, dando voltas sobre como o transito em Taubaté está cada vez mais confuso e nos intervalos para a infelicidade do condutor do ônibus discutiam sobre qual era o melhor trajeto para a viagem.
E foi aquele furdunço só para tirar aquele ônibus do lugar, mas após sair ninguém mais poderia parar aquela família destemida que levava matula no colo, com direito a banheiro no ônibus. Então era de se esperar que se parasse apenas para o estremo, necessidades grandes latentes, correto? Errado, muito errado por sinal. Minha família sofre da síndrome do cachorro fujão. Sabe o que isso significa? Significa que não pode ver um poste que tem que parar, para dar uma marcadinha de território e vasculhar o que acontece na região.
 Então liberte sua imaginação junto comigo e sinta a tensão. A0 cada 50km é sinal de uma paradinha para o banheiro. Seguindo sempre o discurso temos crianças no ônibus, temos que usar um banheiro adequado. Pense comigo, bom se é só criança então rapidinho damos um jeito. Aprenda uma coisa, família mais ônibus nunca, nunca mesmo haverá uma paradinha qualquer, afinal com tudo aquilo gente é impossível ser uma paradinha, cada paradinha indiferente da matula dentro do ônibus toda aquela gente tinha que por lei, parar comer e ir ao banheiro fora a tradicional esticadinha no esqueleto para evitar que o corpo fique doído no final do trajeto.
Logo uma viagem calculada para ter a duração de 5 á 6 horas, já teria um prolongamento de pelo menos 2 horas. Ou seja teríamos no fim de nosso trajeto uma viagem de  8 horas, mas a vida é uma caixinha de surpresas e no meio da rodovia que ligava o ônibus ao seu destino final, estava interrompida por conta de um acidente. Então ou eles esperariam pelo menos 3 horas para o local ficar livre para o ônibus poder voltar ao seu curso normal, ou eles teriam que tomar um outro caminho, que cortaria por algumas cidades do interior de minas. Eles deveriam suspeitar que com a sorte inerente a cada um dos descendentes dos Barbosa, cortar as cidades pequenas ao meio não seria uma boa escolha. Já esperar o trajeto normal ficar livre, e enquanto jogar umas partidinhas de truco para distrair, seria uma idéia muito mais formidável.  Um pequeno parênteses sobre a história da sorte dos Barbosa, ela é extremamente contagiosa, da mesma forma que eles adotam qualquer um que esteja disposto a se tornar parte da família. A sorte maldita o atinge logo em seguida da adoção. Ou seja o condutor do ônibus também já havia sido contagiado com a nossa extrema sorte.
Voltando a história, estavam os Barbosa alegres falantes, olhando aquelas cidades pequenas em seu trajeto, até que a estrada chega a um momento de dúvida, que caminho seguir? A cúpula dos tios e o condutor (não lembro o nome dele). Decidiram tomar a atitude aparentemente mais sensata. Vamos perguntar ao primeiro guarda que avistarmos qual o melhor caminho. E assim eles seguiram até encontrar o primeiro posto policial, o capitão dotado da simpatia dos mineiros falou que era logo ali, que para isso mandaria até um guarda, fazer escolta e indicar o caminho até a estrada principal.      
E assim eles foram guarda na frente e ônibus atrás. Você consegue enxergar o erro nessa história? Não? Então continuemos entra cidade, sai cidade e o guardinha na frente hora andando de pressa, horas andando devagar olhando temeroso para cada curva. E nisso passava os nomes mais estranhos possíveis para uma cidade. Nada contra afinal eu sou uma Taubateana com orgulho, e cá entre nós Taubaté não é um nome muito comum. E para não criar desavenças com nossos amigos mineiros não ei de citar nenhum nome das cidades em que eles passaram. Porem deixo sua imaginação livre para pensar nos nomes estranhos.
Teve uma hora que a estrada parecia mais uma daquelas trilhas tortuosas em que o Frodo do Senhor dos anéis passou para ir destruir o anel maligno. De um lado penhasco do outro mato fechado. Com direito ao ônibus travar em um mata burro fazendo todo mundo descer do ônibus e empurrar como se a vida deles dependesse disso. Afinal onde estavam se o ônibus ficasse, montariam um acampamento e se houvesse um apocalipse zumbie  com certeza eles seriam sobreviventes.
Até que chegou uma encruzilhada que o guarda parou, já fazia quase 4 horas que o ônibus estava andando, a família ficou feliz da vida achando que finalmente estavam próximos de seu destino final, mas ao contrario do que eles pensaram o guarda disse. Que não poderia continuar seguindo com eles, pois, o combustível da moto não agüentaria voltar, ou seja, estavam longe pra burro da rota principal, cansados porem não tão desanimados seguiram sua viagem. Passando por chão de terra batida até asfaltos maltrapilhos. Até que muitas horas depois, a viagem de 8 horas se tornou de 14 e eles finalmente chegaram ao seu destino final com uma seguinte coisa na cabeça, nunca acredite em um “Logo ali de mineiro” E que as vezes esperar pode ser sim uma ótima escolha.  


1 comentários:

Anônimo disse...

muito bom linda bjs

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