Tirando a mascara

O quarto estava frio novamente,  e todos os cantos estavam impregnados de memórias, de momentos de sentimentos...  Em um canto solitário em frente à penteadeira havia um reflexo de alguém que já não permanecia a mesma, reflexos borrados de um passado perdido em algum canto daquele mesmo quarto.

Permanecia ali sentada uma mulher sentada ereta olhando se de frente encarando o reflexo com um olhar altivo, e a boca levemente apertada mostrava os resquícios do orgulho atropelado. Apesar do olhar e da boca controlada com muito custo. O exterior continuava o mesmo impecável altivo, apenas quem a conhecia profundamente entenderia as conturbações que lhe iam à alma.  A maquiagem continuava intacta diferente do seu amor próprio que havia partido em momentos anteriores, momentos que pareciam tão distantes ao se encarar ao espelho...

Ela se recusava a voltar atrás, algumas coisas após muito pensar se torna banal, simplório  patético, apenas o sentimento que era teimoso e se prendia a cada canto do quarto, a cada lembrança e simplesmente se recusava a ir embora,  aquele sentimento de perca, de vazio,a  deixava furiosa  e a olhar o reflexo do espelho foi que decidiu conter sua fúria e a concentrar em pequenos gestos sutis que para qualquer mulher seria algo comum, rotineiro, um simples retirar de maquiagem, mas desta vez era mais complexo mais doloroso.

A maquiagem saia lentamente com os  gestos precisos que só o tempo permite dar,  Junto com a maquiagem saiam ao sonhos compartilhados, o sorriso que durante muito tempo foi cuidadosamente montado e parafusado no rosto, ela não precisava mais daquele sorriso estava livre, a maquilagem saia e por de trás dela surgia uma nova pessoa, mais forte, mais determinada  e o gelo glacial que sua superfície  resvalava se ia aos poucos deixando apenas a mulher resentida determinada a seguir em frente, de rosto limpo e coração lavado.